junho 20, 2012

Nós

Ah, o maldito Nós.
Primeira pessoa do plural, mas duas pessoas singulares.

Linhas amarradas, cabeças tumultuadas, vidas entrelaçadas: nós.
Não queira fazer o Nós com matemática.

O Nós, apesar de ser eu + tu, não passa de uma coisa só.
O nó, singular, vira efeito colateral dessa matemática invertida: nó na garganta, nó no estômago, nó na cabeça.
Idéias, pensamentos, sentimentos, todos confundidos, embaralhados, entrelaçados num grande nó.


Ah, o bendito Nós.
O Nós é rico. Rico de carinho, rico de sentimentos, rico de devaneios.
Eu quero teu bem, tu queres meu bem, logo nós acabamos construindo um bem ainda maior.
Se eu penso, tu pensas, logo nós pensamos juntos.
Se eu choro e tu choras, logo nós compartilhamos de inúmeros outros sentimentos e sensações.

Um nó pode ser cego e costuma ser desatado.

Um Nós, não.
Esse tal Nós, que nada tem de cego, consegue enxergar melhor que muitos eles e elas,
e depende do nó singular, própria e metaforicamente dito, para existir: não há Nós sem um nó entre eu e ti.

Resumindo,
somos aquela primeira e segunda pessoa, do não conjugável numeral,

somos um erro gramatical, mistura de singluar e plural,
somos apenas um,

um Nós.

junho 05, 2012

ops.

Impressionante o efeito colateral que sua presença me causa. Qualquer problema parece tão insignificante, pequeno, perto da imensidão de uma alegria tão diferente e tão boa. Eu sempre quis um universo só meu, sempre quis um mundo que eu pudesse fugir, fosse pra pensar ou fosse pra simplesmente recriar minha existência longe da realidade que me rodeia. O engraçado é que nunca parei pra pensar em nenhum mecanismo capaz de me transportar pra esse universo paralelo.
Aí você apareceu.
Do nada, no meio de uma agonia absurda que me consumia sem ninguém perceber.
Apareceu igual luz em fim de túnel, da maneira mais sutil do mundo. e me fez pensar, imaginar, CRIAR meu próprio mundo, aquele tão desejado. O problema (ou solução), foi querer sua companhia nele, naquele universo, antes meu e agora nosso.
Suas palavras caem em mim, puras como som de cristal, puras como seus olhos e sua bondade. Aprendi que não é preciso estar perto pra chegar tão longe com alguém, que a nossa insignificância em meio a um universo, supostamente infinito, é o que acaba nos fazendo mediucremente singulares na nossa própria existência.
Aprendi a não deixar de lado todo aquele sentimentalismo que resolvi enterrar, abandonar e esquecer: há por quem valha a pena esse sentimentalismo continuar a existir.
Há por quem valha a pena tomar chuva e sair correndo, alheio a tudo, no meio do nada.
Há por quem valha a pena olhar pro céu e, ao invés de estrelas, imaginar cavalos de fogo em meio a cavalgada.
Mas, mais que isso. aprendi o valor de poder compartilhar meu mundo, sem censura,  recebendo em troca as mais belas palavras e os mais belos abrigos,
abrigos que só existem aí, no seu mundo tão incrível, compartilhado comigo.