novembro 27, 2011

breve

Abracei o som, o tom, o desvio. Desviei da ponte, não caí no rio, tropecei no tapete vermelho para atear fogo naquelas cortinas. Eu pedi um abraço, não um esporro. Espirro e cuspo no prato que não comi, desatando laços e acanhando gestos. Fechei-me, fechei-me e me lancei na perdição que é o paralelo do seu universo.
Universal, bilateral, efeito colateral: você é isso pra mim. Eu pedi sua mão, não sua boca balbuciando mentiras.
Qual é o seu problema? É pedir demais um pouco de alívio?
Meu tempo correu nas ondas e no vácuo, transcendente, reluzente, despercebido.
Aliviado.
Você atendeu meu pedido?
Sumiu a agonia e mudou o meu estado. Sorria meu bem, o dia brilhou para nós hoje. Meu grito da noite não passou de um sonho ruim, e você estava ali, me acalmando em silêncio.
Eu não pedi nada e ganhei suas mãos, em forma de abraço. Eu me fechei no paralelo daquele universo, antes seu e agora só nosso, tão reconfortante, tão calado - bolinhas de gude não transpareciam mais azul quanto seus olhos o faziam ali.
Nunca ganhei tanto sem pedir nada. Nunca pedi tanto em silêncio, numa madrugada.