maio 01, 2012

lua ou santa

noite cinzenta de lua santa, clara de natureza e viva como nunca. Eu absorvi desejos e palavras tão ácidas que, diferente dessa lua, quase pereci por mim mesma. Eu e minha nada sã existência: clareza embaçada de idéias, peculiaridade de modos. Vomitando palavras e digerindo os acontecimentos mais bizarros que já me ocorreram. Me colocaram à beira de penhascos e eu caí, me quebrei como fino cristal e perfurei meu ego, minha sensibilidade, minha ironia e malícia. Foi tanto e foi tão pouco.. olho pra trás e busco a falta, ahh ignorância! Onde ficou todo meu sentimentalismo? Porque tanta razão me faz padecer agora, quando antes só os sentidos me afligiam?
Fase minha, me faz ver tudo com tanta clareza agora que passo a duvidar até de minha própria existência. Parei de contar meus segredos até pro espelho. Hoje é só meu interior diáfano: deixo entrar as palavras que me são ditas, mas não deixo se encontrarem com aquelas encrustadas na minha alma. O que foi feito de mim? Onde foi minha existência tão viva? De tanto entrar e sair de vidas alheias, parece já não fazer diferença quando isso voltará a acontecer. 
Me acostumei com a pior coisa que me via fadada a ser: um sopro, uma brisa leve na vida de uns e outros, como maré que vai e volta, como aquela cinzenta lua santa que, com toda certeza, jamais aparecerá como fez aquela noite.
Só não sei até que ponto eu, lua ou santa, cinza ou brisa, vou depender de um céu escuro ou de nuvens carregadas de lágrimas para aparecer.