abril 29, 2011

jardim

Meu Deus, cadê a árvore colorida dos meus olhos de mel?
Cadê a lágrima partida por baixo do véu?
Separou, ô saudade daquele amor, ô minha tristeza que você deixou,
ô, cadê meu interior?
Esse samba tocou e me entristeceu. Me fez ver vento onde nem moinho tinha;
vi ele carregando folhas coloridas de cereja por toda aquela neblina.

Eu sentia, eu chorava, eu pedia, implorava.
E como num púlpito, diante de uma platéia verde e cinza, palpitava-me um soluço oculto e de vorticidade intensa na minha garganta.
Aquelas folhas verdes iam para leste do meu ponto tão sul.
Não me interessava.
Meu deus, cadê a árvore colorida dos meus olhos de mel?

Aí eu vi.
A norte, uma árvore nua.
A sul, eu.
Árvore,
eu.
Folhas e vento,
árvore e eu.
Folhas da minha árvore colorida,
galhos secos,
eu.
Folhas crocantes,
árvore morta,
eu
e meus olhos que nem abelha queria mais.

Então, acabei descobrindo que meu maior pecado foi chorar por aquele amor infértil as águas que trariam à vida minha árvore de mel.